Um alto representante da ONU sugeriu que países ricos paguem países emergentes pelo corte de emissões de gases poluentes, para ficar, desta forma, isentos de novas reduções.
A sugestão polêmica partiu do chefe da Agência de Mudanças Climáticas das Nações Unidas (UNFCCC, sigla em inglês), Yvo de Boer, para quem os países ricos poderiam investir em cortes de emissões em regiões onde os custos fossem menores.
O Protocolo de Kyoto, que estabeleceu metas para diminuição de emissão de dióxido de carbono e é válido até 2012, prevê que os países ricos reduzam grande parte de suas emissões.
Para Boer, esta regra é "sem lógica".
Uso eficiente de energia
"Há muito tempo os países industrializados vêm cortando os gases e tornando o uso da energia mais eficiente. Por esta razão, está ficando cada vez mais caro para esses países avançar ainda mais", afirmou Yvo de Boer.
"No entanto, nos países em desenvolvimento, menos tem sido feito para reduzir as emissões e menos tem sido feito para melhorar a eficiência da energia".
"Economicamente, poderia ser mais atraente para uma empresa na Grã-Bretanha, que tem uma meta de redução a cumprir, cortar os gases emitidos na China", sugeriu o chefe da UNFCCC.
Na avaliação de Boer, os países ricos poderiam se eximir de até 100% de suas reponsabilidades de limitar as emissões, embora o chefe da ONU afirme "duvidar de que eles o fariam".
A declaração de Boer irritou ambientalistas, que acreditam que a idéia vai contra o espírito do tratado articulado pelas Nações Unidas em Kyoto.
Na opinião de organizações ambientais, o problema do aquecimento global não será resolvido, a menos que países ricos e pobres se unam para diminuir a emissão dos gases.
"A menos que os países ricos comecem a fazer sacrifícios, será impossível atingir os cortes que são necessários de 50% a 80% até 2050", afirmou Mike Childs, da organização Friends of the Earth (Amigos da Terra).
Discussões
As discussões sobre as responsabilidades dos países riscos e emergentes no combate às mudanças climáticas vêm se aprofundando desde o último encontro do G8 (grupo dos sete países mais industrializados mais a Rússia), em junho, na Alemanha.
Na ocasião, a chanceler alemã Angela Merkel disse que até 2012, quando expirar o Protocolo de Kyoto, os países em desenvolvimento deverão poluir mais do que poluem hoje e, portanto, é preciso que eles também se comprometam a reduzir as suas emissões.
A opinião de Merkel, no entanto, divergiu da posição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva que, na época, disse que os países em desenvolvimento não devem ter o seu crescimento limitado por eventuais cortes obrigatórios de emissões de gases que causam o efeito estufa.
BBC Brasil
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