segunda-feira, 27 de agosto de 2007


Baleias franca reaparecem no litoral de São Paulo

A identificação de uma baleia franca fêmea acompanhada de seu filhote na costa de Ubatuba, Litoral Norte de São Paulo, reforçou a esperança de pesquisadores no aumento da população desse animal, cuja espécie é a segunda com maior risco de extinção no mundo.

A mãe, que mede aproximadamente 17 m de comprimento e pesa cerca de 60 t, veio buscar abrigo para amamentar e cuidar de seu filhote, que tem 6,5 m. O primeiro avistamento da dupla foi no dia 9 de agosto, com passagens posteriores pelas praias Vermelha do Norte, Félix, Almada e Picinguaba.

Durante o período de amamentação, o deslocamento da mãe é lento, cerca de 5 km/h. O filhote, que já nasce com 5 m, chega a engordar 50 kg por dia nas primeiras semanas.

Atualmente, a baleia franca tem na região antártica sua área de alimentação, onde passa por um período de sete meses, de novembro até junho, em busca do krill. Na América do Sul, sua área de reprodução é a região da Península Valdez, na Patagônia Argentina, e em Santa Catarina, região Sul do Brasil.

Segundo os pesquisadores, são raras as avistagens desta espécie mais ao norte, mas o aumento no número de ocorrências pode ser um indicativo da proliferação desses animais, que estariam recuperando sua antiga área de distribuição no litoral sudeste.

Monitoramento

"Por aqui não ser uma área de observação clássica, é muito importante este monitoramento. Até então, o último registro desta espécie de baleia em Ubatuba tinha sido em 2003. Esse período de quatro anos é a média de uma gestação para outra", disse a bióloga do Aquário de Ubatuba e do Instituto Argonauta, Carla Beatriz Barbosa.

O aquário e o instituto fazem parte da Remase (Rede de Encalhes de Mamíferos Aquáticos da Região Sudeste), e atua há 12 anos no monitoramento, resgate e reabilitação de animais aquáticos encontrados entre o Litoral Norte de São Paulo e Litoral Sul do Rio de Janeiro.

Segundo Carla, a gestação da baleia franca leva 12 meses e mais um ano é dedicado à criação do filhote. Somente depois disto, o animal retorna à área de reprodução para repetir o ciclo da vida.

A bióloga disse que o primeiro avistamento dos animais chegou na forma de um alerta. Como as baleias se aproximam muito da praia, pensaram que ela estava encalhada. "A primeira informação foi de que tinha uma baleia encalhada. Nossa equipe foi fazer o atendimento de praia no dia 11."

Além da observação das condições de saúde, os animais foram filmados e fotografados. Ao contrário das jubartes, que podem ser identificadas por pequenas diferenças em suas caudas, as baleias franca têm sua "identidade" definida por "verrugas", formadas por calosidades naturais. "esta região de calosidade define cada indivíduo", disse a bióloga.

"Depois de identificados os animais e constatado que está tudo certo com eles, formamos uma rede de comunicação com os pescadores. Obtemos informações sobre o deslocamento das baleias e evitamos que elas fiquem enroscadas nas redes de pesca, o que aconteceu com a mãe em 2003", disse a veterinária Paula Baldassin, que também integra as duas instituições.

Segundo Paula, o apoio dos pescadores é fundamental e a comunidade tem participação ativa. "Mesmo pinguins ou golfinhos, eles sempre avisam a gente."

Beleza

Claudionor Florindo de Souza, 51 anos, 37 deles dedicados ao mar, foi um dos primeiros a encontrar as baleias, identificadas inicialmente como um cardume de tainhas. "A grande tinha mais de 17 m e pesava de 50 t a 60 t. Eu vi uma mancha enorme no mar e pensei que era um cardume de tainhas. Depois de chegar mais perto é que eu vi."

O pescador veterano disse que não vê problema nas baleias em relação ao seu trabalho e sempre evita jogar suas redes nos locais onde elas estão. "Uma vez , nós salvamos uma baleia franca em Ilhabela. Ela estava enroscada em uma rede, que acabou se enroscando na nossa. Depois que tiramos a rede, ela saiu muito contente, pulando e jogando água para cima, uma beleza."

Cuidados

Os pesquisadores alertam para que as pessoas mantenham distância dos animais para evitar acidentes. Informações sobre o avistamento de animais marinhos podem ser passadas por telefone ao Instituto Argonauta e ao Aquário de Ubatuba nos telefones (12) 3832-1382, 3832-7491, 3833-4863 ou pelos celulares (11) 7187-3968, (12) 9726-5662, (12) 9149-6041 e (11) 8440-1742.

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