quinta-feira, 28 de maio de 2009

Gorilas Inteligentes


Embora os pesquisadores testem rigorosamente a inteligência de chimpanzés há anos, os gorilas recebem bem menos atenção. Isso porque os gorilas raramente usam instrumentos, o que fez com que cientistas presumissem que os grandes primatas não fossem tão astutos mentalmente.

Mas uma pesquisa em andamento no Zoológico Lincoln, de Chicago, sugere algo diferente. Há quatro anos, cientistas no local instalaram um terminal de computador com tela sensível ao toque na lateral da jaula de um gorila fêmea chamado Rollie. Ao aproximar-se do aparelho, o gorila via o número 1 apresentado na tela. Quando Rollie tocava o símbolo, um toque soava e a máquina liberava um doce de blueberry.

Não precisou muito tempo para o gorila entender que pressionar o número traria benefícios. Após um tempo, a tela do computador passou a apresentar a Rollie dois símbolos: os numerais 1 e 2. Por tentativa e erro, Rollie compreendeu que, ao tocá-los na ordem correta, ela recebia o prêmio.

O atraso dos chimpanzés
No ano passado, o primatologista do zoológico Steve Ross relatou que Rollie conseguia seqüenciar até sete números por vez, enquanto chimpanzés na instalação demoravam duas vezes mais para aprender a seqüência. "Gorilas raramente utilizam ferramentas e, como resultado, raramente foram estudados cognitivamente. Então não esperávamos que alcançassem desempenhos tão bons", disse Ross.

A despeito do sucesso de Rollie, Ross e seus colegas questionavam se ela não seria uma exceção muito inteligente e se tal intelecto poderia ser encontrado em outros gorilas. Os cientistas iniciaram testes em outros espécimes de seu zoológico. O mais jovem do grupo, um gorila de cinco anos chamado Azizi, também vem demonstrando aprendizado rápido. Até agora, o gorila macho aprendeu apenas a seqüenciar cinco números por vez, mas seu progresso é tão veloz quanto o de Rollie.

No Japão, estudos similares estão sendo conduzidos com chimpanzés, mandris e gibões. Nenhum conseguiu passar do número 5. "Esse é o primeiro estudo a demonstrar uma inteligência gorila como essa", disse Tetsuro Matsuzawa, diretor do Instituto de Pesquisa de Primatas da Universidade de Kyoto.

"Quero muito saber como será o progresso das próximas pesquisas com esses gorilas."

Intolerância Social
A descoberta levanta questões sobre a razão de gorilas não usarem ferramentas com mais freqüência. "Estamos começando a pensar que a intolerância social do gorila impede que comportamentos inovadores, como o uso de ferramentas, se disseminem em um grupo", disse a primatologista Elizabeth Lonsdorf, também do Zoológico Lincoln.

Se gorilas se reunissem e se estudassem - como os chimpanzés - o uso de ferramentas seria bem mais comum, observou Lonsdorf. Outro fator poderia ser o comportamento alimentar. Gorilas são muito dependentes de gramas e ervas, que são de fácil obtenção e não exigem instrumentos para a coleta, enquanto chimpanzés normalmente se alimentam de frutas e nozes, cujo acesso é difícil sem ferramentas.

"O desafio da obtenção de alimento", disse Matsuzawa, "pode ser uma segunda razão de chimpanzés inventarem ferramentas e gorilas não".

National Geographic

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